Figueira-dos-pagodes
Sidarta Gautama, o Buda (“o desperto”), conhecido também como Shakyamuni (“sábio dos Shakyas”), viveu 400 anos antes de Cristo. Nasceu na pequena aldeia de Lumbini e foi criado no principado de Kapilavastu, ambos localizados no atual Nepal.
Contam que, depois de varias experiências, nas quais passou fome e mortificação extrema, Buda foi guiado por um grupo de pavões reais enviados por um casal de bondosos príncipes. A senda no bosque era marcada por bandeirinhas que o conduziram até uma enorme figueira que, milagrosamente tinha nascido no mesmo dia que ele e, no entanto, se mostrava gigantesca e com aspeto secular. Sidarta Gautama sentou-se sob a árvore, disposto a não levantar até alcançar a revelação que o iluminaria. Não se sabe ao certo o tempo que ficou nesse chão de terra, com as costas apoiadas no tronco sulcado pelos anos, alguns afirmam que foram 49 dias em estado de samadhi, o nível máximo de meditação. Nesse tempo todo, sem se alimentar nem beber líquidos, numa quietude física absoluta, foi sustentado pela energia do fícus.
Mais tarde a árvore do Bodhi, como fora batizada, torno-se um símbolo sagrado em Bodh Gaya, onde crescia, e seus descentes foram plantados nos jardim dos templos budistas de toda Ásia. Tive a oportunidade de contemplar uma dessas figueiras na Tailândia. O que chamou minha atenção foi que, junto à ela, uma estátua de Buda em ruínas era conservada e coberta parcialmente com um manto de cor alaranjado. Um monge esclareceu que as raízes tinham abraçado de tal modo a imagem, que acabou por destruí-la quase por completo, mas isto não importava, a escultura em relevo pleno que representava Sidarta, em estado de profunda reflexão espiritual, tinha-se fundido na árvore que lhe serviu de suporte e amparo.
Creio que nas terras tupiniquins, foi introduzida por Auguste Glaziou, na segunda metade do século XIX quando, convidado pelo Imperador D. Pedro II, assumiu a direção de Parques e Jardins da Casa Imperial. No Rio de Janeiro podem ser observados exemplares centenários.
É prudente utilizar o Ficus religiosa, apenas em áreas grandes, a uma distancia mínima de 40 metros de qualquer edificação e de tubulações subterrâneas; requer regas abundantes, no entanto o solo encharcado prejudica suas raízes superficiais e potentes. É uma árvore para ser cultivada, preferentemente, no interior da mata úmida, os ventos fortes podem derrubá-la.Sinônimos estrangeiros: Bo-tree, sacred fig, (em Inglês); asvatthah, pippala, bodhi, (em sânscrito); peepal, (em bengali) pho, (em thai); bo-dje, (em vietnamita) higuera de las pagodas, higuera sagrada, árbol bo, (em espanhol); ficus sacré, figuier des pagodes, (em francês).
Família: Moraceae.
Características: árvore semicaducifólia na estação seca. Grande porte e tronco escultural.
Porte: 25 a 35 m,com tronco de até 6 metros de diâmetro.
Fenologia: Final do inverno, inicio da primavera.
Cor da flor: creme.
Cor da folhagem: verde escuro com folhas pendentes que apresentam extremidades pontiagudas.
Origem: Índia, Nepal, Paquistão, Bangladesh, Sri Lanka, sudoeste da China e Sudeste asiático.
Clima: Tropical. No inverno não suporta temperaturas abaixo dos 10º.
Luminosidade: sol pleno.