Quaxinduba | |||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Ficus insipida Willd. | |||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||
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A quaxinduba (Ficus insipida), também conhecida como quaxinguba, gameleira, apuí, apuizeiro e figueira-brava, é uma árvore da família das moráceas com propriedades medicinais. Possui ampla sinonímia tanto na nomenclatura popular como científica, entre essas temos Ficus nymphaefolium (Mil.) e Ficus anthelmintica, a Gameleira do Pará, a Gameleira lombrigueira, como o nome indica drástica e vermífuga. (Menezes, 1949) [2] [3] [4]
Habita matas úmidas e matas de galeria, ou seja, distintas formações florestais, segundo o Reflora (2019): "floresta de terra firme" e "floresta ombrófila" ou "floresta pluvial". [5] Planta lactescente de 10-20 m de altura dotada de copa ampla. Suas folhas são alternas, espiraladas, elípticas a ovaladas, coriáceas
Etimologia[editar | editar código-fonte]
"Quaxinduba" e "quaxinguba" provêm do tupi kwaxin'guba.[8] "Gameleira" provém de "gamela".[9] Apuí vócabulo de origem tupi [4] segundo algumas traduções significa braço forte. Há referências também ao termo Apu na língua quechua significando senhor, espírito, divindade tutelar. [10]
Entre seus nomes populares podem ainda ser citados: Ojé Rosado (Peru); Higuerota (Venezuela); Huacra (Peru); Renaco (Peru); Huito (Peru); Gambo (Ecuador); Chilo (Ecuador); Marañón (Ecuador); Huila (Ecuador); Caucho (Colombia); Matapalo (Colombia); Cauchillo (Colombia); Bibosi Palomo (Bolivia); Bibosi Grande (Bolivia); Higuero (Panama); Matapau (Brasil); Higuerón (Venezuela); Ojé (Peru); Matapalo (Ecuador); Cauchillo (Ecuador); Higuerón (Colombia); Corcho (Bolivia); Ají (Bolivia); Bibosi (Bolivia); Faveiro-Vermelho (Brasil); Caviúna-Rajada (Brazil); Higuerón (Ecuador) [11]
Uso religioso e tradicional[editar | editar código-fonte]
A gameleira é cultuada no candomblé iorubano sob a forma do orixá Iroco.[12] Alves et al. identificaram a presença da Ficus doliaria Mart. ou Ficus gomelleira no culto nagô, onde além de representar "Iroko", é indicadora de um local sagrado, adequado para se deixar oferendas para outros orixás, assinalando simultaneamente utilização de madeira para fazer gamelas e uso medicinal. [13] [14]
Entre os Lucumis, nome como são conhecidos os descendentes dos Iorubás em Cuba, a "Higuera", também conhecida como "potó" ou "opopó" (Ficus carica, Lin.) é uma planta medicinal, da qual se fazem cataplasmas para tumores ou furúnculos e se utiliza como “arma-huesos”, num procedimento mágico-xamanístico que consiste numa massagem com sebo de carneiro na fratura ou luxação e se amarra uma folha da figueira com um pedaço de pano da cor do "Santo" (Orixá) do curandeiro ou do paciente. Observe-se que a espécie referida é a figueira cultivada para produzir frutos, originária da Ásia Menor e da Síria, mas a planta utilizada nos candomblés iorubanos, como referido é a F. doliaria ou F. gomelleira. [15] [16] O Ficus insipida é usado por wajacas (xamã s) da tribo Craós no Brasil como estimulante da memória.[17]
Uso medicinal[editar | editar código-fonte]
Como referido um dos usos medicinais de origem tradicional é a utilização de preparados sua seiva ou látex como vermífugo, entre outras indicações podem ainda ser citadas as affecções rumáticas e a febre terçã. Duke e Vasquez, identificam nessa planta e seus preparados a presença de: lavandulol, lupeol, β-amirina, eloxantina (eloxanthine), phyllanthol, e a enzima proteolítica ficin [18] Na medicina tradicional do Perú é comercializado como "Oje" ou "Doctor Oje" [19] Além de vemífugo (helmintíase) é empregado contra leishmaniose ou "uta" (o látex fresco aplicado nas partes afetadas); é considerado um depurativo (purificador do sangue); utilizado para anemia dor de dente e dores reumáticas (aplicação do látex na área afetada), e contra mordidas de animais (serpente, raia, peixes e formigas). [20] [21]
Ainda sobre sua utilização como vermífugo, há recomendações de alerta quanto ao uso do látex não fermentado, como causador de lesões internas "queima" o interior da pessoa. O látex é tóxico e overdoses são perigosas. [22] [23] No Brasil, do látex da F. doliaria, já foi fabricado uma preparação farmacêutica, comercializada na segunda metade dos séc. XIX no Rio de Janeiro, com o nome de "Pó de Doliarina e Ferro" indicada para "opilação" (obstrução de um ducto natural ou ancilostomíase, ou outra verminose) [14]
Estudos químicos vêm sendo realizados com espécies de Ficus e revelam a presença de furanocumarinas, lactonas, triterpenos, esteróis, flavonóides livres e glicosilados Alguns extratos de Ficus revelaram atividade bactericida (F. sycomorus L., F. benjamina L., F. benghalensis L., F. religiosa L. e F. racemosa), anti-inflamatória (F. racemosa) e gastrointestinal (F. sur), anti-helmíntica (F. platyphylla, F. glabrata). [14] [24]
Já foram identificadas as propriedades anti-inflamatória e analgésica da mistura binária α- e β-amirina presentes, como referido, nesta espécie de Ficus (a β-amirina), e em outras árvores sem parentesco botânico como a Protium heptaphyllum e Himaatanthus sucuuba. [25] [26] Outros efeitos sobre o sistema nervoso além de analgesia, a exemplo das propriedades estimulantes da memória (referida também pelos índios craós) e afrodisíacas de seus frutos, que inclusive podem ser consumidos por humanos, e precisam ser melhor estudados.