Handroanthus impetiginosus | |||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||
Quase ameaçada | |||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||
H. impetiginosus (Mart. ex DC.) Mattos | |||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||
Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. Gelseminum avellanedae (Lorentz ex Griseb.) KuntzeHandroanthus avellanedae (Lorentz ex Griseb.) MattosHandroanthus impetiginosus (Mart. ex DC.) MattosTabebuia avellanedae Lorentz ex Griseb.Tabebuia dugandii Standl.Tabebuia ipe (Mart.) Standl.Tabebuia nicaraguensis S.F. BlakeTabebuia palmeri RoseTabebuia schunkevigoi D.R. SimpsonTecoma adenophylla Bureau ex K. Schum.Tecoma avellanedae (Lorentz ex Griseb.) Speg.
Tecoma impetiginosa Mart. Tecoma integra (Sprague) Chodat
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Ipê-roxo (Handroanthus impetiginosus [1]) é uma árvore da América do Sul, conhecida pela utilização medicinal e como madeira de lei. Seus nomes populares mais conhecidos são: piúva, pau-d'arco, piúna, ipê-roxo-de-bola, ipê-una, ipê-roxo-grande, ipê-de-minas, piúna-roxa [2]
Alguns autores classificam como mesma espécie Handroanthus impetiginosus e Handroanthus avellanedae, mas há discordância de botânicos brasileiros. [Nota 1]
Uma espécie conhecida como ipê-rosa, ipê-roxo-de-sete-folhas e também ipê-roxo, com flores de cor semelhante (rosa), corresponde ao Handroanthus heptaphyllus diferenciando facilmente por suas folhas compostas 5-7 foliadas. [2]
Essa árvore não corre risco de extinção
Ocorrência[editar | editar código-fonte]
É originária da Mata Atlântica brasileira, encontrada tanto na floresta pluvial atlântica como na semidecidual. Por vezes ocorre também no cerrado. Sendo nativa dos estados brasileiros do Acre, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo.
Ocorre também na Argentina, Bolívia, Colômbia, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela, na América do Sul; em El Salvador, Costa Rica, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá, na América Central, e no México (América do Norte).
Características[editar | editar código-fonte]
Árvore decídua, de crescimento rápido, com altura de 8 a 12 m, pode chegar aos 30 m no interior da mata. Ocupa na mata primária o dossel superior. [2]
As folhas são compostas com 5 folíolos grandes, como a maioria dos ipês. São coriáceas ou subcoriáceas.
Como os demais ipês, é uma árvore ornamental, cuja floração ocorre na estação seca (maio-agosto), época em que perde todas as folhas. A inflorescência é um panículo terminal, as flores que vão do rosa ao lilás duram poucos dias e fornecem alimento para insetos como abelhas, que são importantes polinizadores, destacando o vespão mamangava, aves entre as quais os colibris e mesmo macacos. [4]
O frutos são capsulas septicidas grossas em uma vagem deiscente. As sementes membranáceas são dispersas por anemocoria (pelo vento). [2]
Valor econômico[editar | editar código-fonte]
A árvore é muito usada em arborização urbana no sudeste e centro-oeste do Brasil.
A madeira apresenta boa durabilidade e resistência contra organismos que dela se alimentam (xilófagos), sendo difícil de serrar ou pregar. Utilizada na construção civil, currais, acabamentos internos, instrumentos musicais e bolas de boliche. [2]
Da casca, são extraídos os ácidos tânicos e lapáchico, sais alcalinos e corante que é usado para tingir algodão e seda.
Uso medicinal[editar | editar código-fonte]
O pau d'arco ou ipê-roxo é uma planta incorporada à farmacopeia de dezenas de tribos sul-americanas e andinas, há milhares de anos. "Ipê", inclusive é uma palavra de origem tupi, que significa ‘árvore cascuda’,[7] da sua utilização indígena inclusive sobreveio o nome "pau d'arco", de seu uso para fabricação desta arma, o arco e flecha. [8] Guilherme Piso (1611-1678) se refere ao pau'arco (de flores amarelas) também com o termo "queraíba" informando que de sua casca esmagada e cozida se extrai ..."um óleo eficacíssimo para curar feridas e úlceras antigas nas pernas e em outras partes"... [9]
Um de seus nomes na América andina é "tahebo" conhecida por médicos do Império Inca descendentes entre os quais a notável tribo dos curandeiros kallawayas, cuja cultura declarada pela Unesco como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade, no ano 2003. [10] [11] [12] [13] Na Farmacopeia Kallawaya (Callawya) compilada p/ Enrique Oblitas Poblete, o pau d'arco chama-se Tajibo, Tayu (Lapacho, Bignonia longissima) ..."usan en maceracion y en mate para la arterioesclerosis, diabetes, ulceras cancerosas e com miel de abejas p manter el hombre sano y fuerte"...(p.338) [14]
Sua utilização popular no Brasil envolve o uso banho chás das folhas, o decocto da entrecasca (caule e cascas) e garrafadas com indicações que incluem gripes, bronquite, sinusite, impetigo, úlceras sifilíticas e blenorrágicas, tratamento local de cervicite e cervico-vaginite, controle da anemia (anti anêmica), cistite (diurético), "sangue grosso", calmante, alivio das inflamações de ouvido, dor no corpo (anti-reumática), picada de cobra, afta, gastrite, verminoses, diarreia, e câncer (leucemia, tumores). [15] [16] [17]
Balbach refere-se ao uso das folhas de uma espécie conhecida com Ipê - batata ou braco (T. leucantha) como eupéptico, diurético, depurativo e útil na litíase vesical. O ipê-roxo (T. impetiginosa) se usa a casca em decoção contra inflamações artríticas, impinges, sarna, catarro da uretra, leucorreia (também em banhos e lavagens vaginais) [18]
O ipê-roxo também é usado como recurso medicinal no estado do Mato Grosso para tratamento de diabetes mellitus. [19]
Entre os efeitos com maior comprovação estão suas atividades antioxidante, antibiótica, bactericida, antiviral, antifúngica, cicatrizante. [20] [21] [22] [23] [24] [25] [26] [27]
Apesar da discutível ação antineoplásica, [28] ou atividade antineoplásica e teratogênica, [29] o ipê-roxo é muito usado em medicina popular no combate de câncer e inflamações, além das propriedades citadas e do poder de inibir o crescimento de tumores malignos e, ao mesmo tempo, reduzir a dor.[30] O extrato da entrecasca e cerne do lenho contém uma substancia amarela da classe das naftoquinonas, estruturalmente relacionada com a vitamina K, conhecida como lapachol entre outras naftoquinonas e antraquinonas presentes. [31] [5] [32]
Testes da bioatividade do extrato de pau d'arco e do lapachol indicam sua ação como um antagonista da vitamina K (especialmente a vitamina K1) possivelmente inibindo alterações na coagulação e problemas tromboembólicos induzidos por algumas formas de neoplasia. [33] [34] Lübeck,[11] porém, ressalta a importância do efeito sinérgico ou interação complexa das diversas substâncias contidas na planta em relação às distintas manifestações da doença (p.33-34), destaca, sua atuação de estimulação do sistema imunológico (p.35), seu efeito analgésico da dor oncológica (p.38; p.66).