Anacardiaceae | |||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||
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Género-tipo | |||||||||||
Anacardium L. | |||||||||||
Géneros | |||||||||||
Ver texto |
Anacardiaceae é uma família botânica representada por 70 gêneros e cerca de 700 espécies. No Brasil ocorrem 15 gêneros e cerca de 70 espécies. É conhecida por suas espécies frutíferas, entre estas a manga (Mangifera indica), originária da Ásia e o caju (Anacardium occidentale), nativo do Brasil. São, geralmente, árvores ou arbustos com canais resinosos que, quando expostos por injúrias, têm um cheiro característico. Sua madeira é de boa qualidade e muitas substâncias são extraídas para uso na indústria e na medicina.
Etimologia[editar | editar código-fonte]
De anacardium do latim ana, (voltado) para cima e cardium, coração, devido ao formato de coração dos frutos, como a castanha do caju e a manga.
Descrição[editar | editar código-fonte]
São arvores, em menor frequência lianas ou ervas, de cheiro característico, pois possuem canais de resina e taninos em sua haste associados ao floema. Quando a resina é fresca é translucida, que escurece conforme vai secando.
Folhas[editar | editar código-fonte]
Alternadas, imparipenadas, compostas, e em menor frequência são simples, sem estípulas com margem inteira ou serreada, coriáceas e com cheiro característico.
Flores[editar | editar código-fonte]
As flores pequenas que formam inflorescências são hermafroditas ou unissexuais (monoicas ou dioicas) e são actinomorficas com tendência a zigomorfismo, andróginas, ocorrem em inflorescências racemosas curtas ou em panículas axilares ou terminais. Cálice tetra ou pentâmero, persistente. Corola com 4 a 5 pétalas livres entre si. Androceu com 1 ou 10 estames, enquanto o ovário é supero e é composto por 1-12 carpelos, 1-12-locular, a placentação se dá de forma ereta ou pêndula, lóculos uniovulados.
Frutos[editar | editar código-fonte]
Diversidade morfológica de frutas é extremamente alta, com uma infinidade de tipos encontrados na família, mas em geral tem formato de sâmara ou na sua maioria drupáceo, no gênero Anacardium há formação de pseudofruto.
Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]
Distribuição Geral:As Anacardiáceas são plantas encontradas principalmente em zonas tropicais estendendo-se para zonas temperadas e principalmente em áreas de baixa latitude. Como mostra na figura, no continente americano há presença desde o sul do Canadá ao sul da Patagônia, na Europa e Asia apenas no sul, na África e na maioria das ilhas do Pacífico.
Distribuição no Brasil:
- Norte: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins.
- Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe.
- Centro-oeste: Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso.
- Sudeste Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo.
- Sul Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina.
Adaptações e evolução[editar | editar código-fonte]
Algumas adaptações são as flores nectaríferas, que podem ser polinizados por uma gama de insetos, o que é facilitado também pela sua condição por vezes dioica. As drupas frequentemente tem sua dispersão realizada por aves e mamíferos.
As anacardiáceas geralmente são consideradas monofiléticas devido ao número reduzido de óvulos, e em outras características morfológicas. Por outro lado, alguns cientistas a consideram parafilética porque Spondiadeae manteve várias características plesiomórficas como gineceu com 5 carpelos, ovários multiloculares, frutos com endocarpo espesso arranjadas de forma irregular. Os outros gêneros possuem as características clássicas como gineceu com 3 ou menos carpelos, ovários uniloculares de placentação apical e frutos com endocarpo formado por células regularmente arranjadas.
Reprodução[editar | editar código-fonte]
A reprodução se dá como em qualquer outra Angiosperma. Ocorre no interior do saco embrionário e é dupla, pois envolve a formação de um zigoto (núcleo espermático + oosfera) e de um núcleo triploide (núcleo espermático + núcleos polares).
Esse núcleo poderá originar um tecido triploide rico em substâncias nutritivas, chamado endosperma ou albúmen, como ocorre em sementes do milho, arroz, caju e outras.
Após a fertilização, ocorre um intenso desenvolvimento do óvulo, que origina a semente. Acompanhando o óvulo, o ovário também se desenvolve e transforma-se no fruto. Então, normalmente com significativa participação do fruto, as sementes já podem ser propagadas e em condições favoráveis, o embrião se desenvolve em uma nova planta, reiniciando o ciclo.
Em Manguifera e em Anacardium há a produção de um pseudofruto. Em algumas espécies, sua propagação se dá por estaquia a partir de segmentos de raiz ou caule.
Importância econômica[editar | editar código-fonte]
As Anacardiaceas possuem muitos frutos comestíveis, dente elas a manga (Mangifera indica) o cajá (Spondias spp), siriguela (Spondias purpurea), dentre outras. O pseudo-fruto do caju (Anacardium occidentale) e e seu fruto, a castanha, são comercializados no mundo inteiro.
Muitas espácie do gênero Rhus são utilizadas para fabricação de bebidas.
A Toxicodendron vernicifluum é usada na fabricação de verniz. Outras espécies são comercializadas por oferecer madeiras decorativas e/ou de boa qualidade, é o caso do Gonçalo-alves (Astrobium fraxinifolium) guaritá (Astrobium graveolens), aroeira-branca (Lithraea molleoides), dentre outros gêneros de Cotinus, Rhus e Schinus (aroeira).
Há também importância médica pois alguns gêneros (Toxicodendron e Metropium) em indivíduos susceptíveis apresentam alergias.
Conservação[editar | editar código-fonte]
Segundo a Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção de 2008, encontra-se algumas espécies de Anacardiaceae como: Schinopsis brasiliensis e Myracrodruon urundeuva, ambas encontradas no Cerrado / Caatinga.
Potencial ornamental[editar | editar código-fonte]
No Brasil, algumas espécies tem potencial ornamental principalmente em praças e ruas, alguns exemplos são a aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolia), a aroeira-salsa (Schinus molle), charão (Rhus succedea), e provavelmente o mais comum é o peito-de-pombo (Tapirira guianensis) pela sua ocorrência em quase todas as formações florestais do Brasil.